Lacrar, isentar, cancelar
Desde os tempos em que a vida era contada em pergaminhos, dizer o que pensa é um risco.
Hoje em dia isso está mais acentuado porque o mundo normalizou uma estranhíssima divisão que pode ser resumida assim:
Grupo 1
lacradores – os que opinam sobre tudo
Grupo 2
isentões – aqueles que nunca se posicionam
Grupo 3
canceladores – quem a todos vigia pelo simples ‘prazer’ de deletar no minuto seguinte
Concordando ou não, regras sociais foram inventadas para organizar a confusão. Na grande maioria das vezes, dá certo, funciona.
O problema é quando rotular padrões e pessoas vira moda, um esporte quase olímpico.
Sim. As redes banalizaram muito isso, mas a ‘culpa’ não é exclusiva delas. Os limites e sensibilidades offline também estão descalibrados.
Com tanto exagero e gente disposta a testar a paciência alheia, o pior quase sempre vem à tona. E de novo caímos em um dos três grupos tribais descritos acima.
No Brasil e lá fora são muitos os choques. É, de fato, um debate global, que ganha roupagens cada vez mais imprevisíveis toda vez que algo grande monopoliza corações, olhos e mentes.
Não faz muito tempo, nos Estados Unidos, uma aba pra lá de delicada foi aberta. E ela mexe com um dos ícones da literatura infantil americana mais aclamados, Dr. Seuss.
No The New York Times há uma explicação bem estruturada sobre o polêmico ‘recall de produto’ a que seis livros foram submetidos.